sábado, 1 de setembro de 2012

Quem dirige carro perde três vez seu tempo

Meus colegas motoristas me falam que eles não andam de bicicleta porque não tem ciclovias e pensam que andar de bicicleta nas rua não é muito inseguro. Com as rotas alternativas, já podemos portanto atravessar Vitória inteira e ser ultrapassado por menos de um carro por quilômetro. Nada mal. Eu acredito que o calor é também uma outra razão para eles não querer usar a bicicleta para ir trabalhar mas já postei um artigo apontando para algumas soluções técnicas para amenizar o problema do calor. Além dessas duas desculpas clássicas, eles também acreditam que eles vão perder tempo de bicicleta.

Na verdade os motoristas perdem muito mais tempo do que eles pensam. Tem pelo menos 3 maneiras de perder seu tempo:

- a primeira vez no engarrafamento. Fica difícil avaliar a velocidade média quando a gente fica preso num engarrafamento. Eu não ando só de bicicleta mas eu  também uso o carro os dias em que não consigo atingir meu local de trabalho de bicicleta, ou seja 2 ou 3 vezes por semana. Eu percebi que minha média oscilava entre 21 e 27 km/h quando eu me desloco para o trabalho, passando pelo centro de Vitória. Minha média de bicicleta híbrida está em torno de 20 km/h e não depende do trânsito. Se tiver muito trânsito pode até ser melhor para mim porque posso andar em grandes avenidas com bastante segurança sem precisar andar nas rotas alternativas que geralmente precisam usar caminhos um pouco mais longos.
- a segunda vez é  o tempo de trabalho necessário para pagar um automóvel. Quanto tempo de trabalho quotidiano servem unicamente para comprar o veículo para ir para o trabalho? O pensador Ivan Illich justamente desenvolveu o conceito de velocidade generalizada que descreve esse fenômeno detalhadamente.
- a terceira vez é não aproveitando o tempo de transporte para se manter em boa condição física. O motorista deverá encontrar um outro momento durante a semana para fazer esporte, que seja um prazer ou não, ou subir as prováveis consequências da falta de atividade (obesidade, problemas cardiovasculares, ou outros problemas, reduzindo estatisticamente a sua esperança de vida e sua qualidade de vida). E se devemos pegar de novo o carro para ir até o local onde praticamos esporte, quanto tempo perderemos no total?

O conceito mais interessante citado acima é o conceito de velocidade generalizada que utilize além do tempo para se deslocar, o tempo para cobrir todas as despesas do meio de transporte utilizado. Esse tempo depende do salário hora da pessoa. Uma pessoa com salário elevado pode comprar um carro mais rapidamente que um operário. Ela é calculada a partir da distância percorrida divido pela soma dos tempos de deslocamento e do tempo para pagar as despesas. A velocidade generalizada máxima de um meio de transporte pode ser calculada como a razão entre o salário hora divido pelo custo por quilômetro. É possível mostrar que as velocidades generalizadas são de no máximo 14 km/h para bicicleta e carros mesmo para quem tem um salário-hora alto, ou seja, a velocidade generalizada para uma bicicleta é tipicamente da mesma ordem de grandeza do que a velocidade generalizado de um carro... Não se perde tempo de bicicleta.

Prometo que eu vou escrever um artigo específico sobre velocidade generalizada se os leitores se mostram interessados nesse assunto!

Fontes:
www.ta.org.br/site2/Banco/6clipping/Bicicleta.pdf (sobre velocidade generalizada em Português)

Fontes (em Francês):
http://toutpeutarriver.wordpress.com/2009/03/09/vitesse-generalisee/
http://www.nord-nature.org/publications/bulletin/102/102b1.htm
http://fr.ekopedia.org/Voiture

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