segunda-feira, 1 de outubro de 2012

De apartheid veicular a reconciliação

O blog bicyclop escreveu o artigo "Ciclista adota câmera para unir as pessoas". Eu adorei esse título e pensei logo na reconciliação entre preto e brancos na África do Sul após o fim do Apartheid, liderada por Nelson Mandela e bem descrita no filme Invictus .






 


Coisas ruins aconteceram e acontecerão com os ciclistas. Mais ciclistas morreram. Nenhum motoristas morreram. Só teremos um pouco de êxito quando a paz existirá. Porém, ainda aconteceram de vez em qunado acidentes fatais como na Holanda mas os motoristas se sentiram culpados, arrependidos, receberam uma punição justa etc... Por enquanto não existe isso.
Nunca vi arrependimento de um motorista, exceto o filho do Eike Batista mas porque talvez porque as circunstâncias agravantes precisavam desse discurso. Foi provado que estava andando muito acima da velocidade limite no local, o que por passagem, é o caso da maioria dos veículos...

Os vídeos de denuncias parecem necessários diante da gravidade dos fatos que levam, de fato, a mortes de ciclistas todos os dias no Brasil. É realmente um problema de direito humano, envolvendo o direito de poder escolher seu tipo de veículo, de querer não poluir, de se deslocar, de viver... Cadê os defensores dos direitos humanos? Eles estão resolvendo problemas mais graves? Assim precisamos de uma discussão ampla e precisamos elevar o nível das discussões. De fatos estamos frequentemente ficando a nível das emoções mas precisamos refletir, pensar, discutir esse problema. Não vai ser fácil. Muita gente não se eleva muito acima das emoções e do funcionalismo básico, acha que reflexão é inútil. É exatamente o que vejo, não só do lado dos motoristas infratores ou defensores dos infratores mas também do lado dos ciclistas. Certa vez li que o problema do trânsito é uma questão mais de ciência humana do que de pura engenharia...
e alias
na maioria das vezes não gosto das abordagens dos vídeos. Eu mesmo já postei um vídeo desse tipo no artigo "Desrespeito em ciclovia e perigos de andar de bicicleta nas ruas de Vitória". Felizmente o vídeo ainda não era feito com uma câmera com grande angular que dá mais Ibope na rede.
De fato, pior do que não gostar, eu duvido fortemente da sua eficiência. Por enquanto está parecendo colocar mais distância entre ciclistas e motoristas. Não sei se ocorrerá a reconciliação ou nem talvez como, se for o caso, mas não vejo a aplicação rígida da lei como solução rápida.


Estamos de fato submetido ao apartheid veicular, o que comparo ao apartheid da Àfrica do Sul.
Se quem tem poder hoje não quer nos livrar desse apartheid rapidamente, saberemos ir além das briga, de brigas, de uma guerra, de uma possível vingança futura ou atual? Tal é nosso desafio.
 
Que quem um dia recebe poder novo, trabalhe para a paz e o perdão. Assim haverá possibilidade de reconciliação. Não se faz paz acabando com pessoas, com motoristas. Isso se chama de guerra. É guerra não funciona. Como diz o poeta Francês Jacques Prévert "Quelle connerie La guerre". 



Não sei a melhor tradução desse verso em Português mas eu vou tentar uma: 

"Que idiotice a guerra"!



verso de Prévert "Quelle connerie la guerre"
na música La Guerre
da banda Francesa La Tordue

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